| Data:     25/6/2009
 Fonte: Valor OnLine
 Após     ser colocada contra a parede pela Agência Nacional de Saúde Suplementar     (ANS), a Unimed Paulistana deu o primeiro passo para tentar solucionar     antigas dívidas tributárias que somam centenas de milhões de reais.  A     operadora de planos médicos, que funciona no modelo de cooperativa, incluiu     pela primeira vez em seu balanço patrimonial um passivo fiscal de R$ 657,6     milhões, que vem sendo acumulado há mais de quinze anos— inclui     dívidas de PIS, Cofins, ISS e IRPJ, entre outros itens.  A     contabilização desse débito vinha sendo exigida pela ANS desde 2007,     inclusive por meio de um plano de recuperação — uma medida do     regulador que obriga a operadora a resolver determinado problema. Por     duas vezes, a Unimed Paulistana descumpriu as exigências. “Decidimos     dar uma última oportunidade. Ou a operadora contabilizava esse passivo até     o dia 25 (hoje) ou entraria em direção fiscal”, afirma Alfredo     Cardoso, diretor de normas e habilitação de operadoras da ANS.  A     direção fiscal é um regime em que o regulador aponta um técnico para     promover mudanças na operadora. A     Unimed Paulistana, uma das cinco maiores operadoras da grande São Paulo,     com cerca de 750 mil clientes, publicou este mês um novo balanço que inclui     a dívida tributária. O diretor da ANS lembra que essa situação ocorreu     também com diversas outras operadoras.  A     origem do problema é o questionamento jurídico que as cooperativas fazem em     relação à obrigação de pagar determinados tributos sobre sua atividade     consolidada, uma vez que os próprios médicos cooperados já pagam tributos     isoladamente. “Mas o entendimento da ANS é que a discussão jurídica     não isenta as operadoras de provisionar possíveis dívidas”, diz.  Embora     tenha contabilizado R$ 657 milhões em seu passivo, a Unimed Paulistana     lista, nas notas explicativas de seu balanço, contingências tributárias que     chegam a um total R$ 1,26 bilhão. Mario     Santoro Junior, presidente da Unimed Paulistana, diz que a operadora tem     diversas ações legais que questionam esses débitos e que o entendimento dos     advogados da cooperativa é que a chance de perder parte desses processos     são remotas. Por isso, não foram contabilizadas todas as contingências. O     parecer dos auditores da companhia, a firma Grunitzky, traz ressalvas, uma     delas sobre o fato de a cooperativa ter deixado de lançar no passivo um     débito de R$ 364 milhões envolvendo o pagamento de ISS à prefeitura de São     Paulo.  Jarbas     Machioni, advogado da operadora, discorda da ressalva “porque não há     a menor chance de a Unimed perder as ações que questionam essa     contingência. Há decisões e pareceres que sustentam nossa posição”,     diz. Outra     ressalva dos auditores é a forma como a dívida de R$ 657milhões foi     contabilizada. Ela foi lançada no passivo junto com um ativo no mesmo     valor, como crédito a receber dos cooperados a longo prazo.  “O     problema que foi apontado pelos auditores é que a operadora não apresenta     nenhum tipo de lastro que garanta a existência desse ativo”, diz     Sebastião Gonçalves dos Santos, do Conselho Regional de Contabilidade de     São Paulo (CRC), que analisou o balanço a pedido do valor.  Cardoso,     da ANS, diz que os cooperados têm obrigação legal de quitar eventuais     dívidas da cooperativa, de forma que é possível constituir esse ativo para     contrabalançar os passivos tributários.  Isso,     segundo ele, está respaldado pela ANS e por uma norma do Instituto dos     Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).  Com     essa medida, a Unimed Paulistana neutralizou o efeito da contabilização da     dívida sobre o seu patrimônio líquido (ativos menos passivos). “Se     não fosse assim, transformaríamos uma empresa solvente e saudávelnuma     compatrimônio líquido negativo”, afirma Santoro. Apesar     de questionar as dívidas contabilizadas, a Unimed Paulistana se prepara     para quitar os R$ 657 milhões no novo programa de parcelamento de débitos     tributários, o “Refis da crise”, em fase de regulamentação.  A     ideia é pagar a dívida em 15 anos, com desconto de cerca de 50%. “A     nossa geração de caixa será mais do que suficiente para pagar as parcelas, em torno de R$ 1,8     milhão ao mês”, diz.  | 
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